O conceito de therian, derivado do termo “therianthropy”, refere-se à crença ou sentimento de que uma pessoa possui, em algum nível, uma identidade animal. Este fenômeno, que se manifesta em diferentes culturas e contextos, ganha relevância tanto no campo antropológico quanto no psicológico, sobretudo pela complexidade de questões que envolve em torno de identidade, pertencimento e expressão de si.
O que é ser um therian?
Ser um therian não significa apenas admirar ou se identificar com animais, mas sim vivenciar uma conexão profunda com um ou mais arquétipos animais. Essas conexões podem ser espirituais, psicológicas ou metafóricas, dependendo da experiência subjetiva de cada indivíduo. Relatos comuns incluem sonhos, visões, comportamentos instintivos ou sentimentos de que “não se pertence” completamente ao gênero humano.
Therians frequentemente descrevem sua experiência como intrínseca, algo que faz parte de sua essência. Muitos relatam que essa percepção surge na infância ou adolescência, mas nem sempre é reconhecida até mais tarde na vida, quando encontram comunidades que validam sua vivência.
Aspectos psicológicos e emocionais
Identidade e pertencimento
A identidade therian pode ser entendida como uma forma de autorrepresentação que transcende os limites da identidade humana. Em muitos casos, pode ser uma tentativa de lidar com sentimentos de alienação social ou de encontrar uma “tribo” com valores e características compartilhados.
Estudos mostram que a busca por pertencimento é uma necessidade humana fundamental. Nesse contexto, a identificação com animais pode funcionar como um mecanismo simbólico de conexão com algo maior, seja a natureza, um grupo ou a própria essência interior.
Terapia do Esquema e Esquemas Primordiais
Na Terapia do Esquema, um dos enfoques é compreender como experiências precoces moldam nossa visão de nós mesmos e do mundo. A identidade therian pode estar relacionada a esquemas de desconexão e rejeição, onde o indivíduo busca segurança em um universo simbólico alternativo. O animal escolhido pode representar características ideais, como força, liberdade ou intuição, compensando déficits emocionais vividos no passado.
Autocompreensão e aceitação
Do ponto de vista da Psicologia Positiva, a identidade therian pode ser vista como uma forma de autoaceitação. Para muitas pessoas, explorar essa faceta de sua identidade é um caminho de autodescoberta e bem-estar, ajudando-as a compreender melhor suas emoções, instintos e reações.
Therians na sociedade moderna
Estigma e validação
A sociedade moderna, com seu foco no racional e no material, muitas vezes estigmatiza ou deslegitima identidades que desafiam normas culturais. Therians podem enfrentar preconceitos, sendo vistos como excêntricos ou desconectados da realidade.
No entanto, comunidades on-line têm desempenhado um papel crucial na validação dessa experiência. Fóruns, grupos de apoio e redes sociais permitem que therians compartilhem suas histórias, promovendo um espaço de aceitação e crescimento.
Interfaces com a cultura popular
A cultura popular, com sua abundância de personagens híbridos ou que personificam animais, pode ter reforçado o conceito de therian. Filmes, jogos e mitologias oferecem metáforas poderosas que facilitam a identificação com arquétipos animais, fortalecendo a identidade therian como um fenômeno psicológico e cultural.
Como a psicologia pode ajudar?
O acompanhamento psicológico pode ser essencial para ajudar indivíduos que se identificam como therians a compreender e integrar essa faceta de sua identidade. Terapias como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ou Terapia do Esquema podem auxiliar a diferenciar vivências simbólicas e reais, promover o autoconhecimento e lidar com possíveis conflitos internos ou externos.
Conclusão
A identidade therian é um fenômeno multifacetado que desafia as noções tradicionais de ser e pertencimento. Embora ainda haja muito a explorar sobre suas raízes psicológicas e sociais, é essencial abordar essa experiência com empatia e abertura. A psicologia, enquanto ciência e prática, pode oferecer ferramentas valiosas para entender e apoiar aqueles que vivenciam essa singular conexão com o reino animal.
Referências
- Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2003). Terapia Cognitiva para Transtornos da Personalidade.
- Maslow, A. H. (1943). A theory of human motivation. Psychological Review.
- Baumeister, R. F., & Leary, M. R. (1995). The need to belong: Desire for interpersonal attachments as a fundamental human motivation. Psychological Bulletin.
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