Terapia do Esquema: atendendo necessidades e ressignificando esquemas

A Terapia do Esquema, desenvolvida por Jeffrey Young, tem como base a ideia de que os esquemas desadaptativos iniciais (EIDs) se formam a partir de necessidades emocionais básicas que não foram atendidas adequadamente durante a infância. Esses esquemas, muitas vezes inconscientes, moldam nossas percepções, comportamentos e relações, levando a padrões repetitivos e disfuncionais ao longo da vida.

Necessidades emocionais básicas e a formação dos EIDs

As necessidades emocionais básicas incluem:

  • Segurança e estabilidade;
  • Aceitação e amor incondicional;
  • Autonomia e competência;
  • Limites realistas;
  • Espontaneidade e brincadeira.

Quando essas necessidades não são atendidas de forma consistente, surgem os EIDs, que podem ser categorizados em domínios, como abandono, desconfiança, isolamento social, perfeccionismo e vulnerabilidade. Por exemplo, uma criança que cresceu em um ambiente imprevisível pode desenvolver um esquema de Abandono, temendo constantemente a perda de laços importantes.

Diálogo com o adulto saudável e a criança vulnerável

Um dos aspectos centrais da Terapia do Esquema é o fortalecimento do Adulto Saudável, que representa a parte funcional e madura da personalidade. Este é o ponto de apoio para atender às necessidades emocionais da Criança Vulnerável, que é a parte de nós que se sente desprotegida, rejeitada ou negligenciada.

Passos para conversar com o adulto saudável

  1. Identificar os esquemas ativos: Reconhecer os esquemas que estão influenciando pensamentos e comportamentos. Por exemplo, o esquema de Fracasso pode levar a evitar desafios por medo de não ser bom o suficiente.
  2. Reforçar o papel do adulto saudável: Encorajar pensamentos como “Eu sou capaz de prover suporte emocional a mim mesmo” ou “Posso estabelecer limites saudáveis”.
  3. Desenvolver competências para resolver problemas: Ensinar habilidades práticas, como comunicação assertiva e regulação emocional, que fortalecem o Adulto Saudável.

Passos para conversar com a criança interior

  1. Validar emoções: Reconhecer e aceitar sentimentos de tristeza, medo ou raiva da Criança Vulnerável, em vez de ignorá-los ou minimizá-los.
  2. Oferecer conforto: Imaginar-se como um adulto acolhedor que conversa com a criança interior, dizendo frases como: “Você está seguro agora” ou “É compreensível sentir isso”.
  3. Ressignificar experiências: Usar técnicas cognitivas para reinterpretar situações do passado sob uma perspectiva mais compassiva, ajudando a criança interior a entender que não foi culpa dela.

Ressignificando esquemas

A ressignificação dos esquemas é um processo gradual que envolve tanto a mudança cognitiva quanto a vivência emocional. Algumas estratégias incluem:

  • Desafiar as crenças centrais: Substituir pensamentos automáticos negativos por afirmações mais equilibradas.
  • Práticas de imaginção guiada: Recriar cenários em que as necessidades emocionais são atendidas, ajudando a Criança Vulnerável a experimentar o cuidado e o apoio.
  • Experimentos comportamentais: Implementar novas formas de agir, como buscar conexões sociais ou estabelecer limites, para consolidar mudanças.

Conclusão

A Terapia do Esquema oferece um modelo poderoso para compreender e transformar padrões emocionais e comportamentais que limitam o potencial humano. Ao fortalecer o Adulto Saudável e dialogar com a Criança Vulnerável, é possível atender às necessidades emocionais de forma independente e ressignificar experiências do passado, promovendo uma vida mais equilibrada e satisfatória.

Referências

  • Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2003). Schema Therapy: A Practitioner’s Guide. The Guilford Press.
  • Roediger, E., Stevens, B. A., & Brockman, R. (2018). Contextual Schema Therapy: An Integrative Approach to Personality Disorders, Emotional Dysregulation, and Interpersonal Functioning. New Harbinger Publications.

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