Do medo à ação: a psicologia por trás do compromisso e da ousadia

“Antes do compromisso,

há hesitação, a oportunidade de recuar,

uma ineficácia permanente.
Em todo ato de iniciativa (e de criação),

há uma verdade elementar

cujo desconhecimento destrói muitas ideias

e planos esplêndidos.
No momento em que nos comprometemos de fato, a

Providência também age.
Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar,

coisas que de outro modo nunca ocorreriam.
Toda uma cadeia de eventos emana da decisão,

fazendo vir em nosso favor todo tipo

de encontros, de incidentes

e de apoio material imprevistos, que ninguém

poderia sonhar que surgiriam em seu caminho.
Começa tudo o que possas fazer,

ou que sonhas pode fazer.
A ousadia traz em si o gênio, o poder e a magia.”

O texto apresentado trata sobre a hesitação e o poder transformador do comprometimento e da ação decisiva. Segundo ele, uma vez que nos comprometemos verdadeiramente com uma ação ou ideia, forças externas e internas se mobilizam para auxiliar em sua realização. Este conceito pode ser analisado a partir de diversas perspectivas psicológicas, principalmente à luz das teorias sobre motivação, autoeficácia e autorrealização.

A hesitação e o medo de falhar

No início do texto, a “hesitação” é destacada como uma barreira significativa antes do compromisso. A psicologia cognitiva explica a hesitação como uma manifestação do medo de falhar, o que pode ser associado a crenças limitantes e uma baixa autoeficácia. Bandura (1977) propõe que a autoeficácia – a crença de um indivíduo em sua capacidade de realizar uma tarefa – é essencial para que se assuma compromissos com confiança. Pessoas que não acreditam em suas habilidades tendem a hesitar mais, postergando decisões importantes e, muitas vezes, perdendo oportunidades.

A Providência e o inconsciente coletivo

O texto menciona a ação da “Providência” no momento em que alguém se compromete verdadeiramente. Sob uma perspectiva psicológica, podemos interpretar essa Providência como o alinhamento entre as intenções conscientes e o inconsciente. Carl Jung (1985) sugere que, quando estamos em harmonia com nossos verdadeiros desejos e objetivos, forças do inconsciente coletivo começam a se mover em nosso favor, promovendo sincronicidades – eventos aparentemente coincidentes, mas que possuem grande significado.

O compromisso e a iniciativa: o ciclo da motivação

De acordo com a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan (2000), a motivação intrínseca é chave para o engajamento com as atividades que promovem o crescimento pessoal. Quando alguém se compromete de fato com algo, isso geralmente está alinhado com seus valores e interesses pessoais, o que aumenta a motivação para agir. No momento da decisão, há uma ativação da força de vontade, promovendo uma série de eventos que impulsionam o indivíduo em direção ao sucesso.

Além disso, o conceito de “ousadia” no texto pode ser visto como a disposição de tomar decisões arriscadas, o que está diretamente relacionado à teoria de abordagens comportamentais, como o approach behavior de Gray (1982), que diz que indivíduos ousados são mais propensos a enfrentar desafios e obter sucesso devido à ativação dos sistemas de recompensa cerebral.

A importância da decisão no sucesso

O texto sugere que “no momento em que nos comprometemos, a Providência age”, o que pode ser entendido, em termos psicológicos, como a relação entre a decisão consciente e o comportamento subsequente. Uma vez tomada a decisão, a mente direciona sua atenção para ações que podem contribuir para a realização da meta. Isso é suportado pela teoria do foco regulatório de Higgins (1997), que descreve como indivíduos em um estado de “promoção” tendem a buscar ativamente o sucesso e enxergar oportunidades, enquanto indivíduos em estado de “prevenção” focam em evitar falhas.

Autorrealização e crescimento pessoal

A “ousadia” mencionada no texto como fonte de “gênio, poder e magia” pode ser relacionada com a ideia de autorrealização proposta por Maslow (1954). Segundo Maslow, a autorrealização é o desejo inato do indivíduo de alcançar seu potencial máximo. Indivíduos que ousam perseguir seus sonhos estão em busca dessa autorrealização, e, ao tomarem uma atitude corajosa, ativam um processo psicológico de crescimento e expansão pessoal.

Conclusão

O texto fornece uma visão inspiradora sobre o poder do compromisso e da ação decisiva. Analisado sob a ótica da psicologia, vemos que o comprometimento ativa processos internos que aumentam a confiança, a motivação e até mesmo o alinhamento inconsciente com nossos objetivos, facilitando o sucesso. Ao reconhecermos o poder da decisão, somos capazes de superar a hesitação e o medo de falhar, iniciando um ciclo de eventos que, de outra forma, pareceriam impossíveis.

Referências

  • Murray, W. H. The Scottish Himalayan Expedition. London: J.M. Dent & Sons, 1951.
  • Bandura, A. (1977). Self-efficacy: Toward a unifying theory of behavioral change. Psychological Review, 84(2), 191–215.
  • Deci, E. L., & Ryan, R. M. (2000). The “what” and “why” of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychological Inquiry, 11(4), 227-268.
  • Gray, J. A. (1982). The neuropsychology of anxiety: An inquiry into the functions of the septo-hippocampal system. Oxford University Press.
  • Higgins, E. T. (1997). Beyond pleasure and pain. American Psychologist, 52(12), 1280–1300.
  • Jung, C. G. (1985). The Archetypes and the Collective Unconscious. Princeton University Press.
  • Maslow, A. H. (1954). Motivation and Personality. Harper & Row.

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