Desvendando o transtorno afetivo bipolar: além das flutuações de humor

O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma condição mental que afeta milhões de pessoas globalmente, mas sua compreensão e aceitação continuam a ser obstaculizadas pelo estigma e pela falta de informação. Este artigo se propõe a explorar profundamente o TAB, indo além da visão superficial de flutuações de humor, e a discutir uma variedade de tratamentos, incluindo algumas abordagens terapêuticas inovadoras.

Entendendo o TAB

O TAB é mais do que uma simples alternância entre felicidade e tristeza; é um transtorno complexo do humor que abrange uma ampla gama de sintomas. Além dos episódios de mania e depressão, os indivíduos com TAB podem experimentar irritabilidade, impulsividade, mudanças nos padrões de sono e dificuldades de concentração. Reconhecer essa complexidade é crucial para desmistificar a condição e superar o estigma associado a ela.

O Estigma em torno do TAB

O estigma é um desafio significativo enfrentado por pessoas com TAB. Muitas vezes, o TAB é simplificado e mal compreendido como simples flutuações de humor, o que pode levar à minimização dos sintomas e ao isolamento social. Educar a sociedade sobre a natureza multifacetada do TAB é essencial para combater o estigma e promover a compaixão e a compreensão.

Tipos e sintomas

  1. Transtorno bipolar tipo I:
    • Caracterizado por episódios de mania que duram pelo menos 7 dias ou são graves o suficiente para exigir hospitalização. Os episódios de mania são marcados por sintomas como:
      • Humor elevado ou irritável extremo
      • Aumento da energia e atividade
      • Diminuição da necessidade de sono
      • Pensamento acelerado e fala rápida
      • Grandes ideias e planos, muitas vezes impraticáveis
      • Comportamento impulsivo, como gastos excessivos, comportamento sexual de risco ou decisões financeiras irresponsáveis
  2. Transtorno bipolar tipo II:
    • Caracterizado por episódios depressivos e episódios hipomaníacos (uma forma mais branda de mania) que não são tão intensos como na mania do tipo I. Os episódios de hipomania podem incluir:
      • Humor elevado, mas menos extremo do que na mania
      • Aumento da energia e atividade
      • Irritabilidade
      • Comportamento impulsivo, embora menos grave do que na mania do tipo I
    • Os episódios depressivos são semelhantes aos encontrados no transtorno depressivo maior, incluindo sentimentos de tristeza, desesperança, fadiga e pensamentos suicidas.
  3. Ciclotimia (transtorno bipolar tipo III):
    • Caracterizada por oscilações crônicas de humor menos graves do que nos transtornos bipolares tipo I e II. Pessoas com ciclotimia experimentam flutuações de humor que não atendem aos critérios completos de hipomania ou depressão maior, mas ainda afetam significativamente o funcionamento e o bem-estar.

Tratamentos convencionais

Os tratamentos convencionais para o TAB incluem terapia cognitivo-comportamental e farmacoterapia. Embora esses tratamentos sejam fundamentais, há casos em que são necessárias abordagens mais abrangentes ou alternativas.

Pacientes refratários

A questão da refratariedade aos medicamentos no transtorno bipolar é um desafio significativo enfrentado por muitos pacientes e profissionais de saúde mental. Refratário refere-se à resistência ou falta de resposta aos tratamentos convencionais, incluindo medicamentos psicotrópicos, como estabilizadores de humor e antipsicóticos.

Existem várias razões pelas quais um paciente com transtorno bipolar pode ser refratário aos medicamentos, tais como: complexidade e inconstância da apresentação clínica do paciente, comorbidade com outros transtornos psiquiátricos, abuso de substâncias, aderência ao tratamento, a questão genética, entre outros.

Terapias inovadoras

Estimulação magnética transcraniana (EMT): A EMT é uma terapia não invasiva que utiliza pulsos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro. Estudos têm sugerido que a EMT pode ser eficaz na redução dos sintomas depressivos em pessoas com TAB, oferecendo uma alternativa ou complemento aos tratamentos convencionais.

Eletroconvulsoterapia (ECT): A ECT é um procedimento no qual correntes elétricas controladas são usadas para induzir uma convulsão terapêutica. Apesar de sua má reputação, a ECT é um tratamento seguro e eficaz para o TAB, especialmente em casos de depressão grave e resistente a outras formas de terapia.

Cetamina: Originalmente usada como anestésico, a cetamina emergiu como um tratamento promissor para o TAB. Estudos demonstraram sua eficácia na indução rápida de alívio dos sintomas depressivos, oferecendo esperança para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais.

Conclusão

O TAB é uma condição complexa que vai além das flutuações de humor. Desmistificar o TAB envolve reconhecer sua profundidade e amplitude, e abordá-lo com empatia e compreensão. Além das opções de tratamento convencionais, terapias inovadoras como a EMT, ECT e cetamina oferecem novas perspectivas no manejo do TAB, proporcionando esperança e qualidade de vida para aqueles que vivem com essa condição desafiadora.

Referências:

Nardi, A. E., & Machado, S. (2017). Transtorno bipolar: aspectos clínicos e terapêuticos. Revista de Psiquiatria Clínica, 44(3), 88-95.

Leal, G. C., & Andreazza, A. C. (2018). Terapia Eletroconvulsiva no Transtorno Bipolar. Revista Brasileira de Psiquiatria, 40(2), 216-217.

Chaves, A. C. M., Shirakawa, I., & Maretti, L. (2019). Cetamina: uma revisão da farmacologia e novas aplicações clínicas. Einstein (São Paulo), 17(4), eRW4885.

Para mais informações, entre em contato através do telefone +55 11 98279-3796 ou Whatsapp Whatsapp no mesmo número, ou ainda pelo formulário de contato.

Sobre o autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *